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quarta-feira, 5 de março de 2025

A cor da pele

Roberto de Queiroz

A cor da pele
não é a cor da derme.

A cor da pele
não é a cor do sangue.

A cor da pele
não é a cor da índole.

A cor da pele
não é a cor da alma.

A cor da pele
é apenas a cor da pele.

Um comentário:

  1. Roberto, teu poema "A cor da pele" é um soco seco de realidade. Sem rodeios, sem concessões, você vai direto ao ponto, desmontando as falsas camadas de significado que a sociedade insiste em atribuir à cor da pele.

    A cada verso, você desconstrói uma associação equivocada: a pele não revela o sangue, a índole ou a alma. No final, aquela frase repetida, "A cor da pele é apenas a cor da pele," cai como uma sentença inescapável.

    O que mais me impressiona é a tua escolha pela simplicidade crua. Não há tentativa de suavizar ou acomodar o senso comum. Você expõe o essencial, sem adornos, e faz isso com uma lógica quase cirúrgica.

    Longe dos confessionários, todos somos um pouco preconceituosos, por isso é difícil ler teu poema sem sentir o corte—ele não afaga; ele rasga o véu da hipocrisia. Você nos obriga a encarar a verdade sem filtros. E isso, Roberto, é uma coragem que poucos têm.

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