Roberto de Queiroz
José capinava a roça com os filhos.
A roça era verde debaixo do céu;
o céu era verde em cima da roça;
a água era translúcida debaixo das pontes;
as flores eram amarelas, vermelhas, azuis;
todo o mundo, tudo era sereno em torno de José.
José podia andar livremente: havia liberdade.
A vida desabrochava: não havia o que temer.
Ou melhor, as únicas coisas que José temia
eram os gafanhotos, as lagartas, as saúvas.
José tinha medo da praga;
capinava a roça com os filhos;
esperava ansioso uma nova colheita;
nem sempre podia usar roupa nova;
porém vivia a vida com dignidade.
Havia dessas coisas naquele tempo.
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