Roberto de
Queiroz
I
O olho do sol do polo Norte se fecha,
congela o vento e cristaliza a neve: açúcar do confeito da Terra.
II
O olho do segundo sol se abre e realinha
a órbita dos planetas: marionetes do dedo do Universo.
III
A mistificação do purgatório prognostica
a idealização do inferno de Dante: consequência reflexa de crenças milenares.
IV
O achamento do paraíso perdido e a perda
do paraíso recuperado de Milton ensaiam sobre a cegueira de Saramago: retrato fidedigno
do materialismo.
V
Na taça de carne de Salomão,
o vinho é certamente mais aromático e mais saboroso que nos pseudocristais
modernos e provavelmente há ali toxidade zero: êxtase
cromático do cântico dos cânticos.
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