Roberto de Queiroz
Vou, pois, retratar agora,
qual nordestino que sou,
meu Pernambuco de amor:
terra minha e de Bandeira,
também de João Cabral
Valença (São Bento do Una),
"Ariano Suassuna" e
João Fernandes Vieira.
Seu mar é um pleno Recife
e seu céu minha Ipojuca,
seu mundo impressão que fica
e seu jardim uma flor:
qual sabor minha Camela,
canção de Nando Cordel,
coisa doce que nem mel,
qual vida um hino de amor.
Quantos heróis nós tivemos
guerreando em prol da vida,
da nossa terra querida;
homens desses não há mais:
qual Amador de Araújo, que
nos mostrou gestos guerreiros,
passando meses inteiros
buscando seus ideais.
Naquele tempo de outrora,
livre, o filho do sertão,
Gonzaga, o rei do baião,
viveu tacando e a cantar:
portando a sua sanfona,
como ilustre brasileiro,
viajou o país inteiro,
levando a vida a tocar.
Iminente ao tempo de ora,
mestre Francisco Brennand,
quer seja noite ou manhã,
rege com arte o plasmar:
amores, sonhos e moldes,
notáveis frases primeiras,
sublimes ditas fagueiras
do mestre do modelar.
Homens, pátria una, vidas
com mentes tão divergentes,
em épocas não inerentes,
há aqui neste pautar:
qual em Porto de Galinhas...
(sob a bela lua cheia)
o povo a brigar na areia
e a lua a beijar o mar...
(Em Poetas da Famasul, Recife, PE, Edições Bagaço, 2004, p. 64-65)
(Em Poetas da Famasul, Recife, PE, Edições Bagaço, 2004, p. 64-65)
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