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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O parafuso e a porca

Roberto de Queiroz

O parafuso é isento de orifícios,
é composto de um metal mais duro que a porca,
ele é o macho, ele é quem entra,
e quando entra faz a fusão.
A porca é uma derivação parafúsica,
e nela pode ser inserto o paquímetro
e lá dentro abrir suas garras para medição interna.
É, pois, a porca objeto insersível,
orificiada para seu macho
e para o torneiro-mecânico e o ferramenteiro
aferirem sua polegada ou milímetro.
Parafuso/porca – um só corpo:
a mão do mecânico é responsável pela fusão.

2 comentários:

  1. Amigo Roberto.
    O seu poema O PARAFUSO E A PORCA me fez lembrar da técnica de João Cabral de Melo Neto: descritiva e antilírica. Mesmo se afastando do emocional, a carga poética investe nas construções inusitadas da metáfora, dentro da racionalidade cabralina. É, ao meu ver, tipo de texto que dele o poeta se afasta para melhor se expressar. Neste sentido, como as formas naturais não dizem tudo, talvez a "derivação parafúsica," consiga sintetizar a situação-objeto pretendida. Digo isto para parafusear (parafrasear) JCMN.

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  2. Prezado Admmauro Gommes.
    Sua análise de meu poema “O parafuso e a porca” é muito feliz. O amigo realmente conseguiu captar a essência do texto. Algo aparentemente fácil, mas, captar o diálogo nele existente com a poética cabralina, pode ser algo que não está ao alcance de todos.

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